25 set Parceria entre IFT e Fundo Amazônia vai fomentar cadeia do Açaí e da Madeira no Marajó
O arquipélago do Marajó, localizado no estado do Pará, é uma região de contrastes. A vasta riqueza de recursos naturais, com potencial para uso sustentável, destoa da situação de vulnerabilidade social em que se encontram os habitantes da maior parte do território. Com o intuito de contribuir com o desenvolvimento local e potencializar a produção agroextrativista desenvolvida por comunidades, o Instituto Floresta Tropical (IFT) captou recursos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Fundo Amazônia, para atuar em três Reservas Extrativistas (Resex): Mapuá, em Breves, Arióca Pruanã, em Oeiras do Pará, e Terra Grande-Pracuúba, cujo território abrange Curralinho e São Sebastião da Boa Vista.
O projeto “Florestas Comunitárias” tem o objetivo de apoiar a implementação de modelos de manejo florestal comunitário para uso e comercialização de madeira e açaí. A iniciativa pretende fortalecer a organização social, gerar renda e contribuir para a redução do desmatamento em Unidades de Conservação de Uso Sustentável. “Construímos o projeto com múltiplas mãos, tendo como principais parceiros os órgãos gestores dos territórios que são os agentes que estão próximos da realidade e compreendem a dinâmica local, além das próprias comunidades que demandam do IFT apoio e parcerias”, explica Ana Carolina Vieira, coordenadora do Programa Florestas Comunitárias do IFT.
As atividades do projeto serão desenvolvidas em três etapas: preparação para o manejo florestal comunitário; implementação do manejo florestal comunitário e a comunicação e divulgação dos resultados do projeto. “A cada etapa correspondem ações específicas, como a elaboração de regimento interno, criação e consolidação de cooperativas; capacitação em gestão administrativa e financeira e capacitação em manejo florestal, para citar algumas”, conta Iran Paz Pires, secretário executivo do IFT.
As estratégias de implementação do projeto incluem uma série de incursões da equipe do IFT à floresta, além de encontros e reuniões nos municípios polos. Algumas atividades de capacitação serão realizadas no município de Paragominas, região sudeste do Pará, onde está localizado o Centro de Manejo Florestal Roberto Bauch (CMFRB). Durante 42 meses, o IFT atuará junto aos moradores da Resex para o planejamento estratégico das ações e implementação do projeto. “O IFT realizará a assessoria técnica para o Manejo Florestal Comunitário de uso múltiplo de acordo com as potencialidades produtivas da floresta e dos manejadores, fortalecendo a presença da instituição e capacitando os comunitários ao longo da execução dos trabalhos operacionais da atividade florestal”, destaca Iran.
Construção compartilhada
De acordo com Ana Carolina, os produtos oriundos do projeto serão construídos de forma participativa, com a realização de oficinas conduzidas por especialistas em gestão comunitária e cooperativismo e com participação dos comunitários, que decidirão sobre as formas de organização social, os modelos de manejo e os métodos de comercialização.
Nos primeiros meses de projeto, o IFT coletará uma série de informações para criar o “marco zero” do projeto, que abordará, por meio de indicadores, a realidade atual das atividades de manejo florestal nos territórios de atuação do projeto. “Vamos levantar alguns dados como a geração de renda, volume de produtos comercializados legalmente e em mercados formais e maturidade das organizações sociais locais. Ao final, os mesmos indicadores serão monitorados e comparados à situação anterior, sendo possível quantificar os efeitos socioeconômicos e ambientais gerados pelo projeto”, defende Ana Carolina.
Os resultados, assim como as lições aprendidas e os modelos implementados ao longo do projeto, serão apresentados para a sociedade, possibilitando a replicação em iniciativas semelhantes em outras Unidades de Conservação de Uso Sustentável. O projeto conta com o apoio financeiro do BNDES, por meio do Fundo Amazônia, e com as parcerias institucionais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Grupo de Manejo Florestal Comunitário do Marajó (GT MFC do Marajó) e Associações Comunitárias das Resex Mapuá, Terra Grande-Pracuúba e Arióca Pruanã.
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