04 out Mapeamento Socioprodutivo de castanhais aponta riqueza produtiva da Resex Ituxi (AM)
O manejo florestal comunitário é uma realidade na Reserva Extrativista (Resex) Ituxi, localizada no sul do Amazonas, em Lábrea. A atividade madeireira sustentável movimenta a região e contribui com o fortalecimento de outros produtos florestais. É o caso da Castanha-do-Brasil, fruto tradicionalmente coletado na região. Como estratégia de fortalecimento da cadeia de valor do produto, o Instituto Floresta Tropical (IFT) lança o relatório do Mapeamento Socioprodutivo dos Castanhais. O documento é um instrumento de consulta com significativos dados, tanto para os produtores quanto para a gestão do território, pesquisadores e empresários do setor.
O mapeamento faz parte da agenda de ações do projeto Ecoforte Extrativismo – Castanha, desenvolvido pela Associação dos Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi (Apadrit) com o apoio da Fundação Banco do Brasil (FBB). “Com o avanço da estruturação da organização social e da cadeia de valor da madeira, o IFT considerou importante assessorar a organização de outras cadeias de valor. A castanha é o principal produto oriundo do extrativismo florestal. É responsável pela complementação da renda familiar na Resex. Em 2016, a produção da castanha na Resex atingiu 450 toneladas, o que movimentou aproximadamente um milhão e meio de reais”, argumenta Marcelo Galdino, engenheiro florestal consultor do IFT.
Produção
De acordo com dados do relatório, foram mapeadas 31 áreas de castanhais no interior da Resex Ituxi e 33 na área do entorno, somando 64 castanhais. As áreas estão centradas ao longo de pelo menos quatro rios: Punicici, Curequete, Ituxi e Ciriquiqui. As informações sobre a produtividade foram coletadas por meio de entrevistas com 71 castanheiros. Os questionários aplicados, e a incursão em campo, apontaram o total de 11.091 árvores de castanha na região.
Em cálculo com estimativa de produção, que leva em considerações dados produzidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o relatório aponta que a média de produção de uma castanheira é de 37Kg/ano. “Sabemos que a produção de castanha varia por safra e por árvore, mas se consideramos que a Resex Ituxi possui 11.091 árvores de castanha a produção anual média estimada é mais de 410 toneladas ao ano”, destaca o documento.
De acordo com Ana Carolina Vieira, coordenadora do programa Florestas Comunitárias do IFT, o mapeamento socioprodutivo dos Castanhais contou com apoio e participação da Associação dos Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi (Apadrit), entidade proponente do projeto, Cooperativa Agroextrativista da Resex Ituxi (Coopagri) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em todas as fases de desenvolvimento, em especial na definição metodológica e na implementação das ações. “A metodologia para realização deste trabalho se dividiu em duas etapas, sendo elas: o levantamento e caracterização dos castanhais in loco, no campo, e a oficina de mapeamento participativo dos castanhais”, detalha Carolina.
O relatório apresenta, ainda, o histórico da produção do fruto na Reserva, além de um diagnóstico da organização social do trabalho da castanha sob o olhar dos extrativistas, o que revela os desafios e as oportunidades para a melhoria da cadeia produtiva. “Além disso o relatório apresenta os locais prioritários para a instalação das infraestruturas que estão sendo adquiridas com o apoio do projeto Ecoforte, essas que visam melhorar as condições logísticas de produção e transporte da castanha do brasil na Resex”, comenta Ana Carolina.
Ecoforte Extrativismo
O Ecoforte tem o objetivo de fortalecer as redes de agroextrativismo e produção agroecológica e orgânica, com foco em produtores familiares, extrativistas, povos e comunidades tradicionais, dando ênfase na inclusão das mulheres e jovens. O edital apoia a estruturação de empreendimentos coletivos, para qualificar e promover a comercialização da produção extrativista no bioma Amazônia. A iniciativa compõe o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, o Brasil Agroecológico.
Esta é a segunda vez que os produtores agroextrativistas de Ituxi acessam recursos do edital Ecorforte. Em 2015, o manejo florestal madeireiro realizado pelo Empreendimento Angelim, administrado pelos próprios moradores da Resex, contraiu recursos que possibilitaram a efetivação da atividade de manejo florestal comunitário. Nas duas oportunidades o Instituto Floresta Tropical (IFT) assumiu papel de apoiador na concepção da proposta e atuou como gestora do recurso após ser escolhida pela Apadrit em decisão coletiva.
O Ecoforte II tem como objetivo otimizar o transporte da castanha-do-brasil na Resex Ituxi, possibilitando aumento da produção e melhoria das condições de saúde e segurança dos castanheiros. De acordo com a proposta aprovada, a associação pretende melhorar as condições de trabalho para o escoamento da produção dos castanhais da Reserva, por meio da viabilização da logística para assegurar condições adequadas de armazenamento da castanha até o transporte final e melhorar a comunicação entre os produtores.
Serviço
Mapeamento Socioprodutivo dos Castanhais da Resex Ituxi
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