18 set Manejo florestal comunitário na Resex Verde para Sempre é objeto de pesquisa
A Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre vive um momento histórico. O manejo florestal comunitário é uma realidade em seis comunidades: Itapéua, Por ti Meu Deus, Espírito Santo, Paraíso, Arimum e Ynumbí. A luta pelo estabelecimento da atividade em pelo menos cinco delas durou mais de dez anos. O apoio técnico-operacional nas atividades de campo está a cargo do Instituto Floresta Tropical (IFT), que atua há mais de 20 anos com capacitação e treinamento no manejo de florestas nativas, e conta com o apoio da Climate and Land Use Alliance (CLUA). As ações que possibilitaram esse momento, assim como a luta dos moradores do território para realizarem a atividade são alvo de pesquisa de doutorado nos Estados Unidos da América (EUA).
A pesquisadora associada ao IFT, Ana Luiza Violato Espada, desenvolve na Universidade da Flórida, localizada na cidade de Gainesville, pesquisa de doutorado intitulada “Estratégias de governança socioambiental para o manejo madeireiro comunitário em florestas co-manejadas nos trópicos”. De acordo com ela, o objetivo de pesquisa é compreender as estratégias de governança socioambiental utilizadas por diversos atores para promover o manejo madeireiro comunitário em áreas protegidas cuja a gestão é feita em parceria entre poder público e comunidades.
Os objetivos específicos da pesquisa incluem a identificação de modelos de manejo madeireiro comunitário a e as estratégias utilizadas pelos diversos atores envolvidos na implementação da atividade em unidades de conservação federais brasileiras; investigar como os diversos conhecimentos (local, tradicional, técnico e empírico) estão sendo incorporados e identificar os principais fatores relacionados ao sucesso do manejo madeireiro comunitário nos trópicos. “Para a pesquisa preliminar visitei a Reserva Extrativista Chico Mendes, localizada no Acre, e Reserva Extrativista Verde para Sempre, no Pará. Conversei com organizações externas que apoiam as iniciativas de manejo florestal nessas unidades”, explica Ana Luiza que é engenheira florestal.
Trabalho de campo
A pesquisadora esteve em campo no mês de julho e pode acompanhar a realização de atividades técnico-operacionais desenvolvidas pelos manejadores de duas comunidades: Por Ti Meu Deus e Paraíso, coordenadas pelo IFT. “É fundamental entendermos que este é um sonho deles e que foi construído com muita luta e com o estabelecimento de parcerias. Em campo, pude acompanhar atividades de corte e derruba, assim como abertura de estradas. Além disso, conversei com os manejadores e lideranças locais. Foi um retorno cheio de aprendizados”, conta Ana Luiza que já foi coordenadora do Programa Florestas Comunitárias do IFT e acompanhou de perto a agenda do manejo no território.
Com o apoio do Programa de Conservação e Desenvolvimento nos Trópicos (http://www.tcd.ufl.edu/), da Universidade da Flórida, a pesquisadora foi a campo para identificar e refinar os fatores chave relacionadas às estratégias de manejo florestal comunitário, estabelecer contato com comunidades e organizações locais e visitar as áreas de manejo florestal madeireiro nas reservas extrativistas Chico Mendes e Verde para Sempre.
A pesquisa preliminar utilizou entrevistas e observação participante como técnica de coleta de dados. E ainda contou com uma atividade extra, o “Encontro para troca de experiências e reflexões sobre manejo madeireiro comunitário em áreas protegidas na Amazônia” que envolveu comunitários de diferentes unidades de conservação da Amazônia.
“A pesquisa preliminar é essencial para sabermos se estamos no caminho certo. Durante minhas conversas e entrevistas eu sempre perguntava para as pessoas se o que estou propondo como pesquisa faz sentido para elas. Todos responderam positivamente e ainda deram sugestões que irei incorporar no meu projeto de pesquisa. Estar novamente em campo foi enriquecedor e o IFT deu apoio para isso acontecer”, argumenta Ana Luiza.
A pesquisa preliminar de campo foi realizada nos meses de maio a agosto de 2017. De volta aos EUA, Ana Luiza desenvolve a parte teórica. Daqui um ano, ela retornará para o Brasil para implementar a pesquisa de doutorado. Além da Resex Chico Mendes e Verde para Sempre, a pesquisadora visitará Ituxi (AM), Tapajós-Arapiuns (PA) e Mapuá (PA). O período de campo para o próximo ano será de, pelo menos, um ano.
Parcerias
As atividades na Verde para Sempre contam com apoio de diversas instituições, que dispensam esforços financeiros, humanos e técnicos para contribuir com o desenvolvimento sustentável do território, entre elas ressaltamos: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Serviço Florestal Americano (USFS) USAID, a Agencia Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Instituto Internacional de Educação do Brasil, Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz (CDS), Universidade Federal do Pará e Climate and Land Use Alliance (CLUA).
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