Manejo florestal comunitário na Resex Verde para Sempre é objeto de pesquisa

Manejo florestal comunitário na Resex Verde para Sempre é objeto de pesquisa

A Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre vive um momento histórico. O manejo florestal comunitário é uma realidade em seis comunidades: Itapéua, Por ti Meu Deus, Espírito Santo, Paraíso, Arimum e Ynumbí. A luta pelo estabelecimento da atividade em pelo menos cinco delas durou mais de dez anos. O apoio técnico-operacional nas atividades de campo está a cargo do Instituto Floresta Tropical (IFT), que atua há mais de 20 anos com capacitação e treinamento no manejo de florestas nativas, e conta com o apoio da Climate and Land Use Alliance (CLUA). As ações que possibilitaram esse momento, assim como a luta dos moradores do território para realizarem a atividade são alvo de pesquisa de doutorado nos Estados Unidos da América (EUA).

A pesquisadora associada ao IFT, Ana Luiza Violato Espada, desenvolve na Universidade da Flórida, localizada na cidade de Gainesville, pesquisa de doutorado intitulada “Estratégias de governança socioambiental para o manejo madeireiro comunitário em florestas co-manejadas nos trópicos”. De acordo com ela, o objetivo de pesquisa é compreender as estratégias de governança socioambiental utilizadas por diversos atores para promover o manejo madeireiro comunitário em áreas protegidas cuja a gestão é feita em parceria entre poder público e comunidades.

Os objetivos específicos da pesquisa incluem a identificação de modelos de manejo madeireiro comunitário a e as estratégias utilizadas pelos diversos atores envolvidos na implementação da atividade em unidades de conservação federais brasileiras; investigar como os diversos conhecimentos (local, tradicional, técnico e empírico) estão sendo incorporados e identificar os principais fatores relacionados ao sucesso do manejo madeireiro comunitário nos trópicos. “Para a pesquisa preliminar visitei a Reserva Extrativista Chico Mendes, localizada no Acre, e Reserva Extrativista Verde para Sempre, no Pará. Conversei com organizações externas que apoiam as iniciativas de manejo florestal nessas unidades”, explica Ana Luiza que é engenheira florestal.

Trabalho de campo

A pesquisadora esteve em campo no mês de julho e pode acompanhar a realização de atividades técnico-operacionais desenvolvidas pelos manejadores de duas comunidades: Por Ti Meu Deus e Paraíso, coordenadas pelo IFT. “É fundamental entendermos que este é um sonho deles e que foi construído com muita luta e com o estabelecimento de parcerias. Em campo, pude acompanhar atividades de corte e derruba, assim como abertura de estradas. Além disso, conversei com os manejadores e lideranças locais. Foi um retorno cheio de aprendizados”, conta Ana Luiza que já foi coordenadora do Programa Florestas Comunitárias do IFT e acompanhou de perto a agenda do manejo no território.

Manejador motosserrista durante exploração florestal sustentável.

Com o apoio do Programa de Conservação e Desenvolvimento nos Trópicos (http://www.tcd.ufl.edu/), da Universidade da Flórida, a pesquisadora foi a campo para identificar e refinar os fatores chave relacionadas às estratégias de manejo florestal comunitário, estabelecer contato com comunidades e organizações locais e visitar as áreas de manejo florestal madeireiro nas reservas extrativistas Chico Mendes e Verde para Sempre.

 A pesquisa preliminar utilizou entrevistas e observação participante como técnica de coleta de dados. E ainda contou com uma atividade extra, o “Encontro para troca de experiências e reflexões sobre manejo madeireiro comunitário em áreas protegidas na Amazônia” que envolveu comunitários de diferentes unidades de conservação da Amazônia.

“A pesquisa preliminar é essencial para sabermos se estamos no caminho certo. Durante minhas conversas e entrevistas eu sempre perguntava para as pessoas se o que estou propondo como pesquisa faz sentido para elas. Todos responderam positivamente e ainda deram sugestões que irei incorporar no meu projeto de pesquisa. Estar novamente em campo foi enriquecedor e o IFT deu apoio para isso acontecer”, argumenta Ana Luiza.

A pesquisa preliminar de campo foi realizada nos meses de maio a agosto de 2017. De volta aos EUA, Ana Luiza desenvolve a parte teórica. Daqui um ano, ela retornará para o Brasil para implementar a pesquisa de doutorado. Além da Resex Chico Mendes e Verde para Sempre, a pesquisadora visitará Ituxi (AM), Tapajós-Arapiuns (PA) e Mapuá (PA). O período de campo para o próximo ano será de, pelo menos, um ano.

Manejadores da Resex Verde para Sempre durante visita da pesquisadora.

Parcerias

As atividades na Verde para Sempre contam com apoio de diversas instituições, que dispensam esforços financeiros, humanos e técnicos para contribuir com o desenvolvimento sustentável do território, entre elas ressaltamos: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Serviço Florestal Americano (USFS) USAID, a Agencia Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Instituto Internacional de Educação do Brasil, Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz (CDS), Universidade Federal do Pará e Climate and Land Use Alliance (CLUA).

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