01 fev Indígenas Kayapó visitam projeto de manejo sustentável no Marajó
Lideranças indígenas da etnia Kayapó visitaram, nos dias 28 e 29 de janeiro, a Reserva Extrativista (Resex) Mapuá, localizada no município de Breves, no Marajó. A visita, acompanhada pela equipe técnica do Instituto Floresta Tropical (IFT), foi promovida pela coordenação regional da Fundação Nacional do índio (FUNAI), de Cuiabá, Mato Grosso, e teve como objetivo conhecer de perto o projeto de manejo florestal na Resex. A equipe de visitantes contou com um coordenador regional da FUNAI, um engenheiro florestal e os indígenas Bepkore Mekranotire e Bepdjyre Mekranotire.
“Os indígenas queriam entender como funciona o trabalho de manejo madeireiro sustentável em áreas protegidas da Amazônia. Pois, eles avaliam que essa atividade pode ser instalada nas comunidades Kayapó. Por esse motivo, nós fomos procurados e levamos a demanda deles para a FUNAI de Brasília, que, através de um técnico, nos orientou que viéssemos conhecer esse projeto de manejo sustentável gerenciado pelo IFT”, explica Francisco Rocha, técnico da Coordenação Regional da FUNAI, de Cuiabá (MT).
Durante o encontro com os comunitários da Resex, sempre respeitando as regras de distanciamento, limitação no número de pessoas reunidas, uso de máscara, álcool em gel e outros procedimentos para evitar o contagio da Covid-19, os indígenas trocaram experiências sobre o modo de vida tradicional na floresta, esclareceram dúvidas sobre manejo sustentável e vivenciaram o funcionamento de toda a cadeia da exploração de madeira em unidades de conservação. Além da expedição pela Unidade de Conservação, os visitantes também conheceram outras iniciativas de manejo sustentável apoiadas pelo IFT na região Norte.
Para Bepkore Mekranotire, liderança da aldeia Kororoti, no Mato Grosso, a experiencia foi fundamental para entender a dinâmica do processo de preservação, conservação e uso sustentável da floresta. “O que eu vi aqui na Resex é muito diferente dos madeireiros que extraem madeira de qualquer forma por aí. O trabalho que vi aqui tem compromisso com a preservação da natureza e mostra que é possível preservar a floresta e dar renda para a comunidade ao mesmo tempo”, destaca.
Liderança indígena da aldeia Kamaú, no Pará, Bepdjyre Mekranotire afirma que a visita atendeu suas expectativas, principalmente pelos diálogos com os comunitários. “A nossa intenção era entender o funcionamento desse trabalho e durante esse encontro podemos conhecer isso de perto, tanto na vivência na área de manejo, como na conversa com os manejadores. Essa troca de experiencias foi muito importante para a gente ver como o projeto foi desenvolvido, quais os avanços e, principalmente, quais os maiores desafios na execução do manejo comunitário”.
Responsável pelo acompanhamento da expedição na Resex, o instrutor técnico sênior do IFT, César Pinheiro, explica que o instituto tem como missão a promoção de boas práticas de manejo florestal, e por isso, estará sempre aberto a dialogar com entidades que pretendam adotar essa prática. “Essa visita atende a uma solicitação da Funai, que nos procurou para entender como funciona o trabalho de manejo florestal comunitário numa Resex. A gente sabe que ainda não existe uma legislação ambiental que regulamenta a exploração sustentável de madeira em Terra Indígena, mas independente disso, acreditamos que essa visita é uma excelente oportunidade para mostrar os resultados da organização social na prática e o protagonismo das populações tradicionais da Amazônia no fortalecimento do manejo florestal comunitário”.
Florestas Comunitárias
O assessoramento do manejo sustentável na Resex Mapuá é uma iniciativa do projeto “Florestas Comunitárias”, que tem o objetivo de fortalecer as cadeias produtivas do açaí e da madeira em três unidades de conservação do Marajó. O projeto conta com o apoio financeiro do BNDES, por meio do Fundo Amazônia, e com as parcerias institucionais da Caterpillar, Keila Florestal e Stihl.
Sem Comentários