13 ago Cooperativa agroextrativista do Mapuá comemora a primeira comercialização de açaí com certificado de manejo
Presidente da cooperativa de produtores agroextrativistas dos rios Aramã e Mapuá (Coama), no município de Breves, região do Marajó, Janari Gonçalves comemora a venda do primeiro lote de açaí certificado da cooperativa, realizada na última sexta-feira, 06/08. A organização, formada por 56 famílias cooperadas, conseguiu fechar negócio com uma fábrica do estado de São Paulo e comercializou cerca de 40 toneladas de açaí certificado de manejo.
“Essa conquista é muito importante para a nossa comunidade. Pois, além de movimentar a economia local, ela qualifica a produção do fruto e, principalmente, ajuda a quebrar a mediação com o atravessador, que sempre foi um grande problema pra gente”, afirma Janari.
O sentimento de conquista do gestor comunitário também é compartilhado pela produtora de açaí Michele Marques. Liderança da Reserva Extrativista Mapuá, ela afirma que a comercialização do fruto via cooperativa era um sonho dos moradores, e que agora, graças ao apoio do Instituto Floresta Tropical (IFT), se tornou realidade. “Já estamos nessa luta há muito tempo porque a gente acredita que organização social é fundamental para o fortalecimento da nossa comunidade”.
A primeira venda da cooperativa é resultado de uma parceria dos moradores da Resex com o projeto Florestas Comunitárias do IFT, que através de oficinas de qualificação, promoveu diversas orientações aos comunitários como capacitações técnicas sobre cooperativismo e associativismo, cadeia de valor do açaí, segurança do trabalho e técnicas de manejo adequado na produção e armazenamento do fruto. O projeto, que tem como finalidade apoiar a implementação de modelos de manejo florestal comunitário para uso e comercialização de madeira e açaí em Unidades de Conservação, conta com o apoio financeiro do BNDES, por meio do Fundo Amazônia.
“Isso é um marco histórico para o território e precisa ser celebrado. Porque o primeiro grande desafio foi instituir e manter regularizada a cooperativa em si. O território precisava ter o seu empreendimento comunitário e a cooperativa nada mais é do que empresa da comunidade. Isso regulariza e fortalece a produção dessas famílias”, destaca a engenheira florestal Amanda Quaresma, consultora da empresa Caruanas, responsável pelas oficinas direcionadas para a cadeia de valor do açaí, promovidas pelo IFT.
“Além da cooperativa da Resex Mapuá, outras associações de moradores de Unidades de Conservação do Pará têm aproveitado a safra do açaí para assumir o protagonismo na comercialização do fruto nesse período. E isso só é possível graças a essas oficinas de qualificação e, sobretudo, a organização social dessas comunidades”, explica Marcelo Galdino, coordenador do projeto Florestas Comunitárias do IFT.
Pará é responsável por 95% da produção nacional de açaí
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de açaí no Pará ocupa cerca de 200 mil hectares de área. O estado é responsável por 95% da produção nacional. Em 2020, o açaí teve um bom posicionamento em termos de exportação, fato aguardado também para este ano. Essa posição, segundo o órgão, pode ser explicada pela conquista de novos mercados e pela ascensão do consumo pelo mundo.
A primeira etapa da comercialização da Coama atende às exigências de um contrato firmado com a empresa Bravo Açaí. No total serão comercializadas 252 toneladas do fruto, que serão divididas em seis etapas semanais de venda.
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