Curso de Gerenciamento da Extração no Manejo Florestal inicia safra 2018 na Resex Verde para Sempre

Curso de Gerenciamento da Extração no Manejo Florestal inicia safra 2018 na Resex Verde para Sempre

O manejo florestal comunitário na Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre, localizada em Porto de Moz, iniciou a safra 2018 com a realização, em junho, do curso Gerenciamento da Extração no Manejo Florestal (GE). Com o objetivo de aprimorar os conhecimentos gerenciais dos manejadores e equipe técnica de assessoria dos projetos comunitários, o treinamento surgiu a partir da avaliação operacional realizada pelo Instituto Floresta Tropical (IFT) e contou com a parceria do Grupo de Ação e Reflexão Florestal (GAR).

Conhecido pela sigla GE, o curso é conduzido pelo IFT ao longo de uma semana no Centro de Manejo Florestal Roberto Bauch (CMFRB), localizado no município de Paragominas. A capacitação inclui práticas de campo que abordam todas as principais etapas do manejo florestal, além de visitas a experimentos e áreas demonstrativas conduzidas pelo IFT desde 1996. É recomendado para engenheiros florestais já atuantes no setor e para estudantes de engenharia ou técnicos florestais em final de graduação, assim como gerentes de exploração e outros profissionais que podem ser considerados gerenciadores da exploração florestal. Porém esse curso foi desenvolvido especialmente com o enfoque comunitário e utilizando ferramentas gerenciais para serem implementadas nas atividades de manejo florestal na Resex.

O curso recebeu 17 participantes dos quais três foram mulheres – entre coordenadores de campo dos projetos de manejo florestal comunitário das comunidades Itapéua, Por Ti Meu Deus, Arimum, Paraíso, Espírito Santo e Inumbi, equipe técnica da empresa de engenharia florestal que também assessora as comunidades e corpo técnico florestal do Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz (CDS).

De acordo com João Lima, técnico instrutor sênior do IFT, a demanda do curso surgiu a partir das observações realizadas durante a exploração florestal na safra 2017. “Percebeu-se a necessidade de capacitar os coordenadores de campo dos seis projetos e demais atores locais. Pois na safra anterior, toda a carga gerencial estava a cargo da liderança comunitária, que não teve tempo disponível para atender às questões administrativas e operacionais. Nesse sentido, foi definido em reuniões em Porto de Moz que cada projeto comunitário enviasse dois representantes do cargo de coordenador de campo ou alguma pessoa com esse perfil”, explica.

Durante o curso, César Pinheiro, técnico instrutor sênior do IFT, conta que foi possível apresentar os desafios encontrados pela equipe durante a exploração florestal, assim como ouvir dos participantes as dificuldades que enfrentam no cotidiano do manejo florestal. “Entre elas, destacam-se: a ausência da autonomia do coordenador de campo na atividade; em virtude da ausência de experiência há dificuldade de anotar, controlar e relatar o dia-dia das atividades de campo; o cargo de coordenador de campo, em geral, é ocupado por um comunitário e manejador, alguns têm dificuldade de entender As funções de cada trabalhador nas operações de manejo e o papel da coordenação no âmbito organizacional do gerenciamento; o habito de não fazer reunião contínuas com as equipes faz com que o coordenador não consiga controlar as atividades que ocorre em campo. Isso faz com que as atividades fiquem soltas e acarretando em problemas para a administração do projeto”, pontua César.

Atividade prática no CMFRB durante curso GE.

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Em avaliação geral, André Miranda, técnico instrutor sênior do IFT, afirma que as abordagens do conteúdo do curso seguiram a lógica do gerenciamento florestal. “A equipe técnica abordava temas relacionados ao dimensionamento das equipes de campo, cronogramas das atividades, controle de material, insumos e planilhas, assim como controle de produção diária e monitoramento das atividades do manejo florestal e demais itens relacionados ao tema”, comenta o técnico.

A sistematização da avaliação dos participantes aponta alto índice de satisfação com o curso. Cerca de 82% dos participantes consideraram ótimo o perfil da equipe que ministrou o curso quanto ao domínio do conteúdo. O índice (82%) é o mesmo quando questionados sobre o grau de preparação para executar as atividades aprendidas no curso. Quase 20% assumem a necessidade de supervisão para realizar a atividade de gerenciamento, isso se deve ao processo de aprendizado em desenvolvimento, a atividade florestal nos moldes técnicos operacionais que estão sendo implantados é uma novidade aos manejadores comunitários. Para 94% dos participantes o curso foi muito importante para o aprimoramento das capacidades técnicas.

Em campo, manejadores da Resex Verde para Sempre compartilham conhecimentos sobre a floresta.

Segundo César Pinheiro, técnico instrutor sênior do IFT, embora o curso GE tenha alcançado os objetivos, apenas uma atividade desta natureza não formará efetivamente um coordenador ou gerente de manejo florestal comunitário. “É de suma importância a continuidade das ações de capacitação e assessoria técnica, por pelo menos mais três anos de operações florestais, para que os aprendizados se internalizem e se tornem prática. Esse será o trabalho do IFT no ano de 2018, em que daremos suporte a equipe técnica e gerencial para condução dos trabalhos. A ideia é que esses coordenadores, apliquem os conhecimentos do curso de acordo com as habilidades e condições locais” ressalta César.

Destaque para a presença feminina no curso.

O engenheiro florestal Saymon Roberto Pontes da Fonseca, responsável por cinco dos seis planos de manejo na Unidade, participou do curso e afirmou ser fundamental um treinamento gerencial com os comunitários. Ele mesmo já havia, realizado o curso GE em outra ocasião e destacou a diferença entre as duas oportunidades. “Dessa vez foi ainda mais aplicado à realidade dos planos e a abordagem bastante prática às necessidades   dos comunitários”, destaca.

O curso foi uma atividade que contou com o apoio do Serviço Florestal Americano (USFS/USAID, da sigla em inglês) e faz parte da parceria estabelecida pelo IFT para monitoramento das atividades de campo do manejo florestal realizado na Resex Verde para Sempre, dentro do arranjo interinstitucional [que saber mais sobre o arranjo? Acesse!] existente para o fortalecimento do Manejo Florestal Comunitário na RESEX Verde para Sempre.

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